domingo, 11 de julho de 2010

CRISTO-SACERDOTE, O UNGIDO DO PAI




O Nome "CRISTO" é uma palavra grega que significa "UNGIDO". O mesmo significado tem a palavra hebraica e aramaica "MESSIAS". Assim os Evangelhos ao chamarem JESUS pelo título de "CRISTO" querem dizer-nos numa só palavra, três coisas ao mesmo tempo. JESUS é:
- O Ungido de DEUS,
- o Messias,
- e o Seu enviado.
ELE é Aquele que tinha sido prometido pelo PAI desde Adão, para a nossa salvação.
Será que podemos entender a unção que JESUS teve no mesmo sentido que no Antigo Testamento?


NO ANTIGO TESTAMENTO
No tempo antes de CRISTO. a unção era feita com óleo e simbolizava uma investidura realizada pelo ESPÍRITO de DEUS. Desta forma, a pessoa ungida tomava-se propriedade do Altíssimo, isto é, era-Lhe consagrada e, por isso, apta para uma determinada missão ou função, segundo os planos divinos, em favor do Seu povo.
DEUS dá tal importância a este óleo que, ELE próprio, aponta para Moisés quais os elementos que o compõe e o modo como o preparar: "Toma, entre os melhores aromas, quinhentos siclos de mirra virgem, a metade, quer dizer, duzentos e cinquenta siclos de junco odorífero. quinhentos siclos de cássia, segundo o peso do siclo do santuário, e um hin de azeite de oliveira. Farás com isto um óleo para a unção sagrada e um perfume composto, de harmonia com a arte de perfumista. Será este óleo para a unção sagrada" (Ex 30.22-26).
Com este óleo eram ungidos todos os objetos utilizados no culto, mas também homens escolhidos por DEUS para determinadas funções. Em primeiro lugar temos Aarão, o Sumo Sacerdote e esta unção estende-se, depois a todos os sacerdotes, conforme a palavra divina: "Ungirás com ele Aarão e os seus filhos, e consagrá-los-às ao Meu ministério" (Ex 30,30). Desta forma, o Sacerdote-Ungido tomava-se um Messias, isto é, alguém enviado por DEUS como Seu instrumento, para realizar os Seus desígnios no meio do Seu povo.
Na altura de Samuel, o povo pede um rei (cf. 1Sam 8,5ss). Por ocasião da sua coroação, entrava também o ritual da unção, que o tornava propriedade de DEUS e, por isso, estava perante o povo como Seu representante. As Escrituras têm o cuidado de mencionar a unção real de Saul (cf. 1Sam 9-10), e de David (cf. 2Sam 2,4; 5,3), de Salomão (cf. 1Rs 1,39), e daqueles seus descendentes que chegaram ao poder num contexto de crise política (2Rs 11,12; 23,30) como prova da legitimidade da sua realeza.
A partir do momento em que o oráculo de Natã fixou a "esperança de Israel" na dinastia de David, isto é, quando DEUS por Natã prometeu que o Messias-Salvador seria da descendência deste monarca (cf. 2Sam 7,12-16), cada rei de Judá tornou-Se o "Messias" atual por quem DEUS quer realizar os Seus desígnios no tocante ao Seu povo.


JESUS, O UNGIDO
Com a queda de Jerusalém, o rei de Judá, descendente de David é levado prisioneiro (cf. Lam 4,20). Isto é uma grande prova para a fé de Israel. Se DEUS rejeitou e humilhou o Seu "ungido', como irá cumprir as Suas promessas?
Cabe aos profetas o grande papel de manter viva a esperança do povo, mesmo quando estão sob o consecutivo domínio dos povos estrangeiros. Em alguns ambientes judaicos, apoiando-se em certos textos proféticos (cf. Jer 33,14-18; Zac 4,1-44; 6,13), pensavam que DEUS iria cumprir as Suas promessas enviando dois Messias, isto é, dois ungidos:
- um Messias-Sacerdote que se ocupará na relação do povo com DEUS;
- um Messias-Rei que se concretizará nas tarefas temporais, ou seja, na libertação de Israel do domínio dos povos estrangeiros. É o sonho da restauração temporal.
Seria errado limitarmos todas as profecias relativas ao Messias a estas duas dimensões. Elas anunciam igualmente que a vinda do Reino de DEUS será efetuada pelo "Servo do Senhor" sofredor, o "Filho do Homem".
Como coordenar todas estas facetas, aparentemente opostas. na pessoa do Messias-Salvador, prometido por DEUS? Esta pergunta só poderá ser respondida à luz do Novo Testamento, olhando para os diversos aspectos da pessoa de JESUS CRISTO.
Já desde a Sua Encarnação no seio de MARIA, ELE, o FILHO de DEUS e agora também "Filho do Homem", é "CRISTO", isto é, o Ungido pelo ESPÍRITO de DEUS. Descreve-nos com estas palavras São Mateus este mistério: "Ora, o nascimento de JESUS CRISTO foi assim: Estando MARIA, Sua Mãe, desposada com José, antes de coabitarem, achou-se que tinha concebido por virtude do ESPÍRITO SANTO" (Mt 1,18).
Realmente JESUS foi constituído CRISTO (o "Ungido') pelo PAI desde o primeiro instante da Sua concepção. Por esta razão, os Magos do Oriente, quando viram a "estrela", compreenderam a dignidade de Quem nasceu e perguntaram a Herodes sobre o paradeiro do "Rei dos Judeus". Este, que compreendeu o sentido singular deste título, consultou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo sobre o lugar onde deveria nascer o MESSIAS (cf. Mt 2,2-4). Contudo, a grande unção pública que JESUS recebe é bem diferente das do Antigo Testamento. Esta realiza-se por ocasião do Seu Batismo no Jordão, e O prepara para a Sua grande obra:
- de instaurar o Reino de DEUS;
- de salvar Israel e a humanidade;
- de reconciliar o homem pecador com DEUS;
- e de levar à perfeição o culto que DEUS espera do Seu povo.
Esta unção não é feita com óleo material, mas pelo próprio ESPÍRITO SANTO em Pessoa. É esta unção no ESPÍRITO sinal dado por DEUS a João Baptista para que este possa identificar o Messias, o enviado, o prometido do PAI ao longo dos séculos: "Uma vez batizado, JESUS saiu da água e eis que os céus se Lhe abriram e viu o ESPÍRITO de DEUS descer como uma pomba e vir sobre ELE" (Mt 3,16).
O próprio Senhor JESUS dá testemunho desta Sua unção como cumprimento da profecia de Isaías: "O ESPÍRITO do Senhor está sobre Mim, porque Me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, o recobrar a vista; mandar em liberdade os oprimidos" (Is 61,1). "A proclamar um ano de graça do Senhor" (Lv 25,10). JESUS conclui dizendo: "Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabais de ouvir" (Lc 4,21).


JESUS CRISTO, SINAL DE CONTRADIÇÃO
Principalmente o profeta Isaías anunciou o "Ungido de DEUS" através das obras prodigiosas que ELE realizaria (cf. 35,5ss). É por essa razão que, por ocasião da pergunta dos discípulos de João: "És Tu que há de vir ou devemos esperar outro?" (Mt 11,3) JESUS responde: "Ide contar a João o que vedes e ouvis: Os cegos vêem e os coxos andam, os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres" (Mt 11,4-5).
Portanto, JESUS prova que é o Messias pelo argumento mais irrefutável: os milagres preanunciados pelos profetas. Contudo, só quem tem fé é que saberá ler as maravilhas de DEUS presentes nestes acontecimentos. Quem não se abre à comunicação reveladora do PAI através do Seu FILHO feito Homem, fica perplexo e pergunta: Não será ELE o Messias?" (Jo 4,29; 7,40), ou, o que vem a dar no mesmo: Não será este o Filho de David?" (Mt 12,23). E insistem com JESUS para que Se declare abertamente: "Até quando terás a nossa alma suspensa? Se Tu és o CRISTO, diz-no-lo abertamente" (Jo 10,24).
Mas estas perguntas não são uma busca sincera pela verdade. Muito pelo contrário: querem um pretexto para O condenarem. Por isso, durante a vida pública, JESUS só Se revela veladamente. O momento em que declara claramente a Sua identidade é na Sua Paixão, quando não há mais hipóteses de interpretar mal da Sua messianidade. Disse-Lhe o Sumo Sacerdote: "Intimo-Te pelo DEUS vivo que nos digas se és o CRISTO (o "Ungido"), o FILHO de DEUS? JESUS respondeu-lhe: Tu o disseste!" (Mt 26.63-64). Após o sinédrio O condenar à morte, JESUS é insultado e maltratado por causa da declaração da Sua identidade, que não conseguiam ver por causa da sua cegueira espiritual e dureza de coração. "Cuspiram-Lhe depois no rosto e deram-Lhe socos. Outros esbofetearam-n'O, dizendo: Adivinha, ó CRISTO, quem foi que Te bateu!" (Mt 26,67-68).
É por JESUS se declarar o "Ungido", que O entregam a Pilatos. Isto está bem patente nesta passagem: "Pilatos disse ao povo, que se encontrava reunido: "Qual quereis que vos solte, Barrabás ou JESUS, chamado o CRISTO?" Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja" (Mt 27,17-18). "Eles responderam: "Barrabás!" Pilatos disse-lhes: "Que hei de fazer então de JESUS, chamado CRISTO?" Responderam todos: "Seja crucificado!"" (Mt. 27,21-22).
Portanto, JESUS é sinal de divisão:
- num lado estão as autoridades judaicas que O rejeitam e, até, excluem da sinagoga todos aqueles que reconhecem JESUS como o "Messias" (cf. Jo 9,22);
- num outro lado, estão aqueles que O invocam abertamente como "Filho de David" (cf. Mt 9,27: 15.22: 20,30ss).
São João, logo no início do seu Evangelho, apresenta este antagonismo (isto é, este ser sinal de contradição) com estas palavras: "Veio ao que era Seu e os Seus não O receberam. Mas a todos os que O receberam, aos que crêem n'ELE, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de DEUS" (Jo 1,11-12).


O CRISTÃO É OUTRO "CRISTO-UNGIDO"
Realmente somos filhos de DEUS quando somos configurados com JESUS CRISTO no nosso Baptismo, e foi confirmada esta nossa dignidade no Sacramento do Crisma.
A unção na Escritura tem diversos significados e diversas aplicações:
- o óleo é sinal de abundância (cf. Dt 12.14ss) e de alegria (cf. Sl 22,5; 103,1);
- é sinal de purificação (unção antes e depois do banho);
- torna a pessoa ágil (unção dos atletas e lutadores);
- o óleo é também sinal de cura, pois amacia as contusões e feridas (cf. Is 1,6; Lc 10,34);
- e torna a pessoa radiante de beleza, de saúde e de força (cf. Cat. Ig. Cat. n° 1293).
Todos estes significados estão presentes nos Sacramentos da Igreja:
- A unção antes do Batismo, com o óleo dos catecúmenos, significa purificação e fortalecimento;
- A unção dos enfermos exprime cura e conforto;
- A unção depois do Batismo, no Crisma e no Sacramento da Ordem, são sinal de consagração (cf. Cat. Ig. Cat. n° 1294).
Pelo Batismo e, principalmente pelo Crisma, fomos ungidos, e isto tornou-nos aptos a participarmos mais na missão de JESUS CRISTO e na plenitude do ESPÍRITO SANTO. Realmente recebemos a "marca" do ESPÍRITO que nos tornou propriedade de DEUS e, por isso, ELE nos envia como Seus instrumentos de salvação em favor do Seu povo.
O próprio CRISTO se declara marcado com o selo do PAI no sermão do "Pão da Vida": "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará; pois a Este é que o PAI, o próprio DEUS, marcou com o Seu selo" (Jo 6,27). O cristão também está marcado com um selo. Diz-nos São Paulo: "Foi DEUS que nos concedeu a unção, nos marcou também com o Seu selo e depôs as garantias do ESPÍRITO em nossos corações" (2Cor 1,22; cf. Ef 1,13; 4,30; Cat. Ig. Cat., n° 1296).

ESPERANÇA FUTURA
Por tanto, este selo do ESPÍRITO SANTO marca-nos, e sobretudo aos sacerdotes como:
- pertença total a CRISTO:
- entrega-nos para sempre ao Seu serviço.
Mas inclui também a promessa da proteção de DEUS nas diversas provações da vida (cf. Ez 9,4-6: AP 7,2-3; 9,4).
Rezemos: "Senhor JESUS CRISTO, o Ungido do PAI, fazei-nos viver sempre de acordo com a nossa dignidade e nela perseverar até ao fim. Amém."

Fonte: www.opusangelorum.org/pt


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