Por Pe. Paulo Ricardo - Arquidiocese de Cuiabá - MT
Quando em 2009 o Papa Bento XVI proclamou o Ano Sacerdotal, exortando a todos os fieis que orassem pela santificação dos sacerdotes, estava declarando uma verdadeira guerra ao Inferno. Afinal, foi o próprio Senhor Jesus quem recordou ao primeiro Papa que as forças do inferno não poderão vencer a Igreja (cf. Mt 16, 18).
Se esta certeza da vitória final da Igreja nos enche o coração de esperança, também nos serve de alerta. Enquanto estivermos neste mundo haverá combate. E neste combate é importante compreendermos a estratégia do inimigo.
Digo isto porque, o Inimigo não é estúpido. Muito pelo contrário, é inteligente e utiliza a sua inteligência e todas as suas forças para seu objetivo principal que é destruir a Igreja. E isto já estava previsto na profecia: “porei inimizade entre ti e a mulher” (Gn 3, 15). Mas é bom lembrar que, quando se trata de uma luta de vida e morte, todo lutador procura atingir o adversário em um de seus pontos vitais. Se existe a possibilidade de se atingir o inimigo com um tiro na cabeça ou no coração, porque desperdiçar munição atirando em seus pés? Ora, Satanás sabe perfeitamente qual é o ponto vital da Igreja: a Eucaristia. A Igreja vive da Eucaristia – Ecclesia de Eucharistia.
Se é assim, compreende-se imediatamente a importância vital do sacerdócio. Tentando destruir o sacerdócio católico e declarando guerra aberta aos nossos padres, o demônio está tentando destruir a Igreja, atingindo-lhe o coração. Sem sacerdotes não há Eucaristia, sem Eucaristia não há Igreja.
Não nos deixemos enganar. A guerra midiática travada contra a Igreja ao redor dos escândalos sexuais de alguns sacerdotes não é uma batalha pela moralidade, nem uma preocupação com a castidade dos menores envolvidos. Em toda esta crise é o Santo Padre que tem manifestado enfaticamente a sua solidariedade às vítimas de abusos sexuais e tem dado orientações claras de que não devemos encobrir estes pecados vergonhosos.
É extremamente significativo que as mesmas pessoas que rasgam as vestes diante dos escândalos sexuais de padres, não façam nada para tutelar a pureza dos menores. Mas, ao contrário, apoiam a distribuição gratuita de camisinhas e lubrificantes sexuais aos nossos filhos, nas escolas públicas e em postos de saúde. Trata-se da mesma corja que patrocina programas de deseducação sexual em tvs abertas e alardeia como “direitos sexuais” as depravações da moda.
Não posso crer que estes lobos ferozes, que em sua maioria leva uma vida muito distante da castidade cristã, tenham se transformado milagrosa e repentinamente em uma legião de anjos da guarda, que zelam pela pureza de nossos filhos. Diria que mais se parecem com aqueles abutres que rodeiam um animal ferido e que fazem o possível para lhe abreviar a agonia para tirar proveito, o quanto antes, de sua carcaça. E a vítima, quem é? Um punhado de padres pedófilos? Não, mas sim o sacerdócio católico.
Não nos iludamos. Esta reação em massa não se explica apenas como um empreendimento humano. São Paulo nos lembra que não é contra a carne e contra o sangue que lutamos, mas contra espíritos malignos espalhados pelo espaço (cf. Ef 6, 12). A raiz do problema é portanto espiritual. E, se é assim, qual deve ser a nossa reação espiritual? Precisamos crer mais fortemente no sacerdócio católico; rezar e oferecer sacrifícios pela conversão e santificação dos sacerdotes, não somente neste ano sacerdotal, mas sempre.
Precisamos nos dar conta da grandeza do sacerdócio e da fragilidade de nossos sacerdotes. A grandeza do sacerdócio nos leva a considerar humildemente o quanto dependemos destes ministros do Senhor. Sem eles não temos as duas coisas mais importantes que podemos fazer em nossa vida espiritual: receber o perdão dos pecados e a eucaristia.
Esta grandeza do sacerdócio me leva a ser ousado e a professar minha fé neste grande dom de Deus. Já disse várias vezes, e algumas pessoas se escandalizaram com isto, que se na hora de minha morte eu tivesse de escolher entre ter ao meu lado a Virgem Imaculada e um sacerdote imundo e criminoso, eu preferiria ter o sacerdote. E a razão é muito simples. Nossa Senhora é maior e mais santa do que aquele padre miserável, mas não sendo sacerdote, ela não pode me dar os últimos sacramentos e o perdão de meus pecados. O sacerdote pode.
Por felicidade nossa, porém, nós católicos não precisamos fazer esta escolha. Podemos ter em nosso leito de morte, ao mesmo tempo, nossa Mãe santíssima e um sacerdote que, esperemos, esteja trilhando o caminho da santidade e da virtude.
Como uma arma neste combate, Deus nos presenteou com o Papa certo, na hora certa. Ele não é apenas um grande teólogo, mas também um homem espiritual que sabe com que armas a Igreja pode lutar. A Igreja não vive de reuniões, marketing e estratégias. A Igreja vive da Eucaristia. E os sacerdotes são os instrumentos de Deus que nos fazem entrar nesta vida. Ao convocar um ano sacerdotal para a santificação dos sacerdotes, o Santo Padre o Papa se colocou na linha de frente de uma grande batalha espiritual.
Por isto, recordemo-nos também de rezar e oferecer sacrifícios por este grande homem de Deus, o Papa Bento XVI. Que o Senhor o conforte nesta grande batalha espiritual e lhe dê a certeza de que não está sozinho, mas cercado de uma multidão de irmãos (cf. Rm 8,29).
Fonte: padrepauloricardo.org
Parabéns, Wendell!
ResponderExcluirJosé Ferreira