domingo, 19 de fevereiro de 2012

Dom Henrique sobre o carnaval



Como você deve saber, trata-se de uma festa originariamente de cristãos. Ele acontecia na chamada Terça-feira Gorda, quando se brincava sadiamente e se comia carne em abundância, marcando a despedida da comida farta para se entrar na penitência quaresmal. Daí o nome “Carne vale!” – Adeus, carne! Era um belo sinal do senso de humor dos cristãos, que entravam no tempo quaresmal com alegria e disposição. No dia seguinte, Quarta-feira de Cinzas, iniciavam os discípulos de Cristo, o santo jejum, com seriedade e espírito de fé!

Aos poucos, com a lenta, mas inexorável secularização da sociedade, o Carnaval foi sendo dilatado, começando antecipadamente no domingo, e foi perdendo sua ligação com a penitência quaresmal. Além do mais, foi, pouco a pouco, passando de uma brincadeira inocente para uma festa de excessos e imoralidades. E chegamos a esta situação atual.

Agora, pergunto eu: Como um cristão deve avaliar o Carnaval?

Penso que é importante compreender que não podemos mais ter um olhar ingênuo, simplesmente positivo e benévolo em relação às coisas que nossa cultura tem produzido. Não dá para sorrir e elogiar realidades que levam para tão distante do Evangelho!

Dou-lhe um exemplo que talvez o contrarie, meu estimado Leitor, a quem respeito de todo o coração, mas diante de quem devo honestamente dizer o que penso... Veja o desfile das escolas de samba. Não há que duvidar tratar-se de uma realidade cultural, de ser uma explosão de arte, de beleza plástico, de harmonia que tanto agrada aos sentidos! E se fosse só isto, que beleza! Mas, vem o excesso, vem a imoralidade gritante, vêm letras de samba que por vezes são maliciosas e incompatíveis com nossa fé cristã! E assim, sorrateiramente, entram no ouvido e no coração, realidades que nos afastam do Senhor nosso.

Devemos, então, rejeitar em bloco o Carnaval atual?

A resposta pronta não existe! Se um cristão julga poder brincar o carnavalzão do mundo sem cometer excessos, sem dar azo à imoralidade, sem a dispersão interior violenta que nos tira da presença de Deus e da realidade, então brinque em paz! Eu duvido muito que isto seja possível, mas é preciso respeitar a consciência de cada um!

Eu mesmo sugiro, como pastor da Igreja, que os cristãos deem preferencia a brincar o Carnaval em grupos de cristãos, de modo puro, sereno, inocente, fraterno, com toda alegria que nasce de um coração que sabe o sentido verdadeiro da existência.

Uma coisa é certa: à medida que o mundo se paganiza, é necessário reavaliar nossas posturas frente tantas realidades que antes, numa sociedade cristã, não representavam problema algum para um discípulo de Cristo. Pense nisto. E que o Senhor o abençoe, meu Irmão!

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