terça-feira, 6 de março de 2012

O Conceito de Eucaristia segundo o Código de Direito Canônico


Fra Angelico, Ultima Ceia (detalhe), Museu de São Marcos, Séc XV

Por Wendell Mendonça



É interessante  poder perceber o valor do Código de Direito Canônico além de uma lei normativa da vida da Igreja, mas  também como manifestação da verdadeira teologia da Igreja que se fundamenta sobre a norma que “a lei da fé é a lei da oração.” Aqui analisaremos alguns aspectos do Código de Direito Canônico e sua relação com a reta doutrina da Igreja católica. 
“Augustíssimo Sacramento é a Santíssima Eucarista” afirma o código de Direito Canônico no primeiro cânon sobre a Eucaristia. Utiliza o termo Augustíssimo para demonstrar a excelência da Sagrada Eucaristia sobre os outros sacramentos, pois na Eucaristia “se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual vive e cresce a Igreja”. (Cân 897)  Neste cânon destacamos duas realidades da Santíssima Eucaristia, uma enquanto “sacrifício de Cristo” e outro como “sacrifício da Igreja”.

A Santíssima Eucaristia é o Sacrifício de Cristo, no qual Ele mesmo está presente, por meio da transubstanciação; Ele mesmo se oferece como vítima pura, santa e imaculada e Ele mesmo se faz comunhão, alimento de Vida Eterna, pelo qual entramos em comunhão com Ele e somos transformados por Ele. Dessa maneira a Eucaristia é o Memorial que contém, oferece e recebe o Cristo, Verbo de Deus Encarnado.

Também a Eucaristia é sacrifício da Igreja, recebeu do próprio Cristo o mandamento: “Fazei isto em memória de mim.” Desta maneira o Código seguindo a teologia eclesiológica da Lumen Gentium, reafirma em outras palavras que a “Eucaristia faz a Igreja”, tese posteriormente defendida pelo Beato João Paulo II, papa na encíclica Ecclesia de Eucharistia: A Igreja vive da Eucaristia. Nesta concepção também é a Igreja que, por vontade Divina, perpetua a presença de Cristo no Santíssimo Sacramento, oferecendo diariamente o sacrifício redentor de Cristo oferecido uma vez por todas no Altar da Cruz.
Assim, a Santíssima Eucaristia como ação de Cristo e da Igreja, pode ser sintetizada de acordo com o código em três palavras: se contém, se oferece, se recebe (“continetur”, “offertur” e “sumitur”).  Podemos desvelar estas palavras na seguinte maneira: A Santíssima Eucarístia contém Cristo, que de maneira ascendente se oferece ao Pai em sacrifício e de maneira descendente se dá em Comunhão na Santíssima Eucaristia.
O código apresenta a Santíssima Eucaristia em sues três aspectos: Presença, Sacrifício e Comunhão Sacramental. O principal aspecto e que fundamenta os outros dois é que a Santíssima Eucaristia enquanto presença real de Cristo contém o próprio Senhor Jesus Cristo. Através do Sacrifício da Santa Igreja Ele é oferecido, como Hóstia santa, Hóstia pura, Hóstia Imaculada e depois é recebido pelos filhos da Igreja como alimento de imortalidade.

Ainda no primeiro cânon sobre a Eucaristia o código afirma: “O Sacrifício Eucarístico , memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que perpétua pelos séculos o Sacrifício da Cruz é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã.” Reafirma assim a centralidade do mistério da cruz, enquanto sacrifício de Cristo e a perpetualização deste sacrifício no decorrer dos séculos, pois quando o sacerdote na Santa Missa pronuncia as palavras da consagração sobre o pão e o vinho se faz presente entre nós, nas espécies eucarísticas, a mesma vítima que morreu no altar da Cruz e que continua como vítima gloriosa no Altar do céu, a direita do Pai, como o Sumo Sacerdote Eterno que penetrou de uma vez por todas no Santuário Celeste, dessa forma a Sua ação redentora na Cruz se perpetua também no Céu e o sacerdote participa desta ação eterna de Cristo e nos torna partícipes como vítimas para a vitima, nesta ação Sacerdotal do Cristo celeste.

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