Fra Angelico, Ultima Ceia (detalhe), Museu de São Marcos, Séc XV
Por Wendell Mendonça
É
interessante poder perceber o valor do
Código de Direito Canônico além de uma lei normativa da vida da Igreja, mas também como manifestação da verdadeira
teologia da Igreja que se fundamenta sobre a norma que “a lei da fé é a lei da
oração.” Aqui analisaremos alguns aspectos do Código de Direito Canônico e sua
relação com a reta doutrina da Igreja católica.
“Augustíssimo
Sacramento é a Santíssima Eucarista” afirma o código de Direito Canônico no
primeiro cânon sobre a Eucaristia. Utiliza o termo Augustíssimo para demonstrar
a excelência da Sagrada Eucaristia sobre os outros sacramentos, pois na
Eucaristia “se contém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual vive e cresce a Igreja”.
(Cân 897) Neste cânon destacamos duas
realidades da Santíssima Eucaristia, uma enquanto “sacrifício de Cristo” e
outro como “sacrifício da Igreja”.
A
Santíssima Eucaristia é o Sacrifício de Cristo, no qual Ele mesmo está
presente, por meio da transubstanciação; Ele mesmo se oferece como vítima pura,
santa e imaculada e Ele mesmo se faz comunhão, alimento de Vida Eterna, pelo
qual entramos em comunhão com Ele e somos transformados por Ele. Dessa maneira
a Eucaristia é o Memorial que contém, oferece e recebe o Cristo, Verbo de Deus
Encarnado.
Também
a Eucaristia é sacrifício da Igreja, recebeu do próprio Cristo o mandamento:
“Fazei isto em memória de mim.” Desta maneira o Código seguindo a teologia
eclesiológica da Lumen Gentium, reafirma em outras palavras que
a “Eucaristia faz a Igreja”, tese posteriormente defendida pelo Beato João
Paulo II, papa na encíclica Ecclesia de
Eucharistia: A Igreja vive da Eucaristia. Nesta concepção também é a
Igreja que, por vontade Divina, perpetua a presença de Cristo no Santíssimo
Sacramento, oferecendo diariamente o sacrifício redentor de Cristo oferecido
uma vez por todas no Altar da Cruz.
Assim, a Santíssima Eucaristia
como ação de Cristo e da Igreja, pode ser sintetizada de acordo com o código em três
palavras: se contém, se oferece, se recebe (“continetur”, “offertur” e “sumitur”). Podemos desvelar estas palavras na seguinte
maneira: A Santíssima Eucarístia contém Cristo, que de maneira ascendente se
oferece ao Pai em sacrifício e de maneira descendente se dá em Comunhão na
Santíssima Eucaristia.
O código apresenta a Santíssima
Eucaristia em sues três aspectos: Presença, Sacrifício e Comunhão Sacramental.
O principal aspecto e que fundamenta os outros dois é que a Santíssima Eucaristia enquanto
presença real de Cristo contém o
próprio Senhor Jesus Cristo. Através do Sacrifício da Santa Igreja Ele é oferecido, como Hóstia santa, Hóstia
pura, Hóstia Imaculada e depois é recebido
pelos filhos da Igreja como alimento de imortalidade.
Ainda
no primeiro cânon sobre a Eucaristia o código afirma: “O Sacrifício Eucarístico
, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que perpétua pelos séculos o
Sacrifício da Cruz é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã.” Reafirma
assim a centralidade do mistério da cruz, enquanto sacrifício de Cristo e a
perpetualização deste sacrifício no decorrer dos séculos, pois quando o
sacerdote na Santa Missa pronuncia as palavras da consagração sobre o pão e o
vinho se faz presente entre nós, nas espécies eucarísticas, a mesma vítima que
morreu no altar da Cruz e que continua como vítima gloriosa no Altar do céu, a
direita do Pai, como o Sumo Sacerdote Eterno que penetrou de uma vez por todas
no Santuário Celeste, dessa forma a Sua ação redentora na Cruz se perpetua
também no Céu e o sacerdote participa desta ação eterna de Cristo e nos torna
partícipes como vítimas para a vitima, nesta ação Sacerdotal do Cristo celeste.
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