Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento - Gênova - Itália
No mês de Maio, o nosso coração se enche de grande alegria: ainda
emergidos na glória da Páscoa oferecemos a Virgem Maria os nossos mais sinceros
louvores.
Poderiamos nos perguntar o
que poderíamos fazer para melhor cultuar a Mãe de Deus e nossa? Novenas,
rosários, ladainhas, ofícios, jaculatórias, todos estas práticas são grandes
jóias que poderíamos ofertar para a nossa Mãe do Céu. O Santo Padre Bento XVI assim se expressou: “combina
bem a tradição da Igreja de dedicar o mês de maio à Virgem Maria. Ela é,
realmente, a mais bela flor surgida da criação, a "rosa" aparecida na
plenitude do tempo, quando Deus, enviando Seu Filho, entregou ao mundo uma nova
primavera. E é ao mesmo tempo a personagem principal, humilde e discreta, dos
primeiros passos da comunidade cristã: Maria é seu coração espiritual, porque
sua própria presença entre os discípulos é memória viva do Senhor Jesus e
presente do dom de seu Espírito.”
Todas estão devoções
enchem de alegria o coração da Virgem Maria e este se dilata em amor por cada
um de seus filhos. Através destas práticas queremos antes de tudo louvar Àquela
que fez de sua vida um constante “louvor a Deus” e que hoje como Aurora da
Igreja precedente a todos os Seus filhos, na glória Celeste, em corpo e alma.
Desse modo, a “Ave, Cheia de Graça” não pode realizar outro ato senão
transbordar das graças de Deus atingindo todos aqueles que a Ela se dirigem,
pois como afirma São Bernando: “nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm
recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso
socorro, fosse por Vós desamparado”
Entre as devoções mais belas está a prática do
Santo Rosário, surgida por volta do século IX como o “saltério da Virgem
Maria”, isto é, a prática de rezar uma Ave-Maria para cada um dos 150 salmos da
Bíblia. Esta prática vinha a ser a forma pela qual os irmãos leigos se associavam
a oração do saltério que os monges que sabiam ler rezavam em diferentes horas
do dia. Contudo, foi São Bernardo de Claraval, da Ordem Cisterciense, o grande
divulgador desta santa devoção, quando por volta de 1274 recebeu da Virgem
Maria a missão de propagar o Santo Rosário:
"Sabes tu, meu
querido Domingos, de que arma se serviu a Santíssima Trindade para reformar o
mundo?"
- Ó Senhora! respondeu ele, Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação.
Ela acrescentou: - "Sabei que a peça principal deste acontecimento foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu saltério".
- Ó Senhora! respondeu ele, Vós o sabeis melhor que eu, porque depois de vosso Filho, Jesus Cristo, fostes o principal instrumento de nossa Salvação.
Ela acrescentou: - "Sabei que a peça principal deste acontecimento foi a saudação angélica, que é o fundamento do Novo Testamento; e portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu saltério".
Com São Bernardo esta
prática se difundiu enormemente em toda a Santa Igreja, sendo umas das formas
de piedade mais conhecidas e praticadas. Sobre o Rosário, muitos santos e papas
se pronunciam e vivivamente recomendaram a sua recitação. O Beato João Paulo
II, em 2002 proclamou o “Ano do Rosário” e publicou a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, na qual
afirma: O
Rosário da Virgem Maria (Rosarium Virginis Mariae), que ao sopro do
Espírito de Deus se foi formando gradualmente no segundo Milénio, é oração
amada por numerosos Santos e estimulada pelo Magistério. Na sua simplicidade e
profundidade, permanece, mesmo no terceiro Milénio recém iniciado, uma oração
de grande significado e destinada a produzir frutos de santidade.” (n. 01) Para o beato, o rosário consiste na
contemplação dos Mistérios de Cristo com o olhar de Maria. Em Fátima a Virgem
Maria novamente propõe a recita do Rosário como uma arma para a renovação da Santa
Igreja e a conversão dos pecadores: “Rezai o
Terço todos os dias. Rezai, rezai muito! E fazei sacrifícios pelos pecadores,
que vão muitas almas para o Inferno, por não haver quem se sacrifique e peça
por elas. Quando rezardes o Terço, dizei depois de cada mistério: Ó meu bom
Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno. Levai as almas todas para o
Céu, principalmente as que mais precisarem”.
Já o Ofício da
Imaculada Conceição escrito pelo Franciscano Bernardino de Bustis no século XV,
recebeu a aprovação do Papa Inocêncio XI em 1678,
muito antes da proclamação do Dogma da Imaculada, em 1854 pelo Papa Pio IX; O
Papa Paulo VI concedeu indulgência plenária a quem rezasse este Ofício, que foi
escrito sob a forma das horas canônicas do ofício divino (liturgia das horas)
porém, de forma mais curta. Este ofício contém belíssimos hinos baseados nas
figuras e prefigurações da Virgem Maria no Antigo Testamento e na mais bela
tradição da Igreja Católica.
Todas as devoções marianas agradam o
Coração de Maria e possuem como “fim último” glorificar a Deus por meio da
Santíssima Mãe. Porém, o grande desejo de Nossa Mãe Celeste é conduzir-nos ao
culto de Adoração a Deus na Santa Missa, onde a Igreja se Alimenta do
“Verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria” e no culto de Adoração ao Santíssimo
Sacramento, como afirma o Beato João Paulo II, Papa: “Com efeito, Maria pode
guiar-nos para o Santíssimo Sacramento porque tem uma profunda ligação com
ele.” (João Paulo II, Ecclesia de
Eucharistia, 53)
Dessa forma, o culto à Virgem Maria tem
na Santa Missa o seu mais perfeito significado, pois ali vivenciamos como o
olhar da Virgem os acontecimentos da nossa Salvação: O Verbo Encarnado que se
doa totalmente no Altar da Cruz, derramando o Seu Sangue para a nossa redenção.
É na Santa Missa que unimos o nosso coração ao Imaculado Coração da Virgem e
unidos a Ela rezamos: “o nosso coração está em Deus!” Assim, a nossa
participação ativa em tão grande acontecimento deve ser uma profunda imitação
da participação da Virgem Maria, que uniu a sua vida à vida do Seu Filho
Imolado: “Doa a tua vida, como Maria aos pés da Cruz”.
Assim
se expressa o Beato do Totus Tuus: “Mysterium
fidei! Se a Eucaristia
é um mistério de fé que excede tanto a nossa inteligência que nos obriga ao
mais puro abandono à palavra de Deus, ninguém melhor do que Maria pode
servir-nos de apoio e guia nesta atitude de abandono. Todas as vezes que
repetimos o gesto de Cristo na Última Ceia dando cumprimento ao seu mandato:
« Fazei isto em memória de Mim », ao mesmo tempo acolhemos o convite
que Maria nos faz para obedecermos a seu Filho sem hesitação: « Fazei o que
Ele vos disser » (Jo 2,
5). (Ecclesia
de Eucharistia, 54)
Ainda o Papa
João Paulo II recomendou vivamente que o Santo Rosário fosse rezado diante do
Santíssimo Sacramento, em adoração e contemplação diante deste mistério com o
“olhar de Maria”. Nesta perpectiva, o nosso culto a Virgem Maria, através das
nossas orações, rosários e ladainhas nos conduzem sempre a Jesus, ao Seu
Mistério de Amor, sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição. Maria nos
conduz a Cristo, à Igreja e aos Sacramentos. Concluimos com as sábias palavras
do Papa Bento XVI, “Por isso, sempre que na liturgia eucarística nos
abeiramos do corpo e do sangue de Cristo, dirigimo-nos também a Ela que, por
toda a Igreja, acolheu o sacrifício de Cristo, aderindo plenamente ao mesmo.
Justamente afirmaram os padres sinodais que « Maria inaugura a participação da
Igreja no sacrifício do Redentor ». Ela é a Imaculada que acolhe
incondicionalmente o dom de Deus, e desta forma fica associada à obra da
salvação. Maria de Nazaré, ícone da Igreja nascente, é o modelo para cada um de
nós saber como é chamado a acolher a doação que Jesus fez de Si mesmo na
Eucaristia.” (Sacramentum Caritatis,
n 33)
Por Wendell Mendonça.
Publicado em "O Pastorinho", Brasilia, DF, Maio de 2012
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