terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A espiritualidade do Advento e as Antífonas do "Ó"

A Virgem Maria encarna perfeitamente o espírito do Advento, feito de escuta de Deus, de desejo profundo de fazer a sua vontade, de alegre serviço ao próximo. Deixemo-nos guiar por ela, para que o Deus que vem não nos encontre fechados ou distraídos, mas possa, em cada um de nós, estender um pouco o seu reino de amor, de justiça e de paz.

Bento  XVI,  Angelus, 02 /12/2012


A liturgia da Igreja é a maior escola de espiritualidade, é nela que nos encontramos com CRISTO, que Ele nos fala, nos exorta, nos chama à conversão e nos apresenta o caminho que devemos seguir, Não há verdadeira amizade com CRISTO sem o culto que a Igreja: Anjos, Santos e homens dão a Deus na Sagrada Liturgia.
Por este motivo encontramos na liturgia do Advento a linha mestra para viver a nossa espiritualidade neste tempo. As leituras, as orações, os Prefácios, nos colocam mais intimamente ligados à esta realidade: "o DEUS que vem!".  O Santo Padre Bento XVI nos apresenta esta profunda relação entre liturgia celebrada e vida espiritual: "o lugar no qual a igreja é experimentada plenamente é na liturgia: essa é o ato no qual acreditamos que Deus entra na nossa realidade e nós podemos encontrá-Lo, podemos tocá-Lo. É o ato no qual entramos em contato com Deus: Ele vem a nós, e nós somos iluminados por Ele." (Catequese, 03/10/2012)

As Antífonas do Ó vão nesta linha. São conhecidas como antífonas marianas,  exclamações que a Igreja faz unindo-se  a Maria, maravilhada com o Mistério da Encarnação. São na verdade todas elas Cristocêntricas, se dirigem a CRISTO, plenitude de toda a revelação e cumprimento de toda Escritura.

Seguindo o convite do Santo Padre, vivamos a nossa espiritualidade neste período litúrgico em comunhão com MARIA, a VIRGEM do Advento, a MÃE da Esperança. 






ANTÍFONAS DE NOSSA SENHORA DO "Ó"



Die 17 Decembris

Sapientia
quæ ex ore Altissimi prodisti,
attingens a fine usque ad finem,
fortiter suaviter disponens omnia:
Veni ad docendum nos viam prudentiae
17 de dezembro

Ó Sabedoria
que saístes da boca do altíssimo
atingindo de uma a outra extremidade
e tudo dispondo com força e suavidade:
Vinde ensinar-nos o caminho da prudência
Die 18 Decembris

Adonai
et Dux domus Israel,
qui Moysi in igne flammæ rubi apparuisti
et ei in Sina legem dedisti:
Veni ad redimendum nos in brachio extento
18 de dezembro

Ó Adonai
guia da casa de Israel,
que aparecestes a Moises na chama do fogo
no meio da sarça ardente e lhe deste a lei no Sinai
Vinde resgatar-nos pelo poder do Vosso braço.
Die 19 Decembris

Radix Jesse
qui stas in signum populorum,
super quem continebunt reges suum,
quem gentes deprecabuntur:
Veni ad liberandum nos; jam noli tardare
19 de dezembro

Ó Raiz de Jessé
erguida como estandarte dos povos,
em cuja presença os reis se calarão
e a quem as nações invocarão,
Vinde libertar-nos; não tardeis jamais.
Die 20 Decembris

Clavis David
et sceptrum domus Israel:
qui aperis, et nemo claudit;
claudis et nemo aperit:
Veni, et educ vinctum de domo carceris,
sedentem in tenebris et umbra mortis
20 de dezembro

Ó Chave de Davi
o cetro da casa de Israel
que abris e ninguém fecha;
fechais e ninguém abre:
Vinde e libertai da prisão o cativo
assentado nas trevas e à sombra da morte.
Die 21 Decembris

Oriens
splendor lucis æternæ, et sol justitiæ
Veni et illumina sedentes in tenebris
et umbra mortis.
21 de dezembro

Ó Oriente
esplendor da luz eterna e sol da justiça
Vinde e iluminai os que estão sentados
nas trevas e à sombra da morte.
Die 22 Decembris

Rex gentium
et desideratus earum
lapisque angularis,
qui facis utraque unum:
Veni et salva hominem quem de limo formasti
22 de dezembro

Ó Rei das nações
e objeto de seus desejos,
pedra angular
que reunis em vós judeus e gentios:
Vinde e salvai o homem que do limo formastes
Die 23 Decembris

Emmanuel,
Rex et legifer noster,
exspectatio gentium,
et Salvador earum:
Veni ad salvandum nos, Domine Deus noster
23 de dezembro

Ó Emanuel,
nosso rei e legislador,
esperança e salvador das nações,
Vinde salvar-nos,
Senhor nosso Deus.


De acordo com a Enciclopédia Virtual  Wikipedia,  as Antífonas do Ó são sete antífonas especiais, cantadas no Tempo do Advento, especialmente de 17 a 23 de dezembro antes e depois do Magnificat, na hora canônica das Vésperas. São assim chamadas porque tem início com esse vocativo e foram compostas entre o século VII e o século VIII, sendo um compêndio de cristologia da antiga Igreja, um resumo expressivo do desejo de salvação, tanto de Israel no Antigo Testamento, como da Igreja no Novo Testamento. São orações curtas, dirigidas a Cristo, que resumem o espírito do Advento e do Natal. Expressam a admiração da Igreja diante do mistério de Deus feito Homem, buscando a compreensão cada vez mais profunda de seu mistério e a súplica final urgente: «Vem, não tardes mais!». Todas as sete antífonas são súplicas a Cristo, em cada dia, invocado com um título diferente, um título messiânico tomado do Antigo Testamento.

A reforma litúrgica pós Vaticano II, ao introduzir o vernáculo na liturgia, não esqueceu os textos das Antífonas do Ó, veneráveis pela antiguidade e atribuídos por muitos ao Papa Gregório Magno (+604). Ela os valorizou ainda mais com aclamação ao Evangelho da Missa, além de conservá-los como antífonas do Magnificat. Cada antífona é composta de uma invocação, ligada a um símbolo do Messias, e de uma súplica, introduzida pelo verbo "vir".

O acróstico ERO CRAS

Se lídas em sentido inverso, isto é, da última para a primeira, as iniciais latinas da primera palavra depois da interjeição «Ó», resultam no acróstico «ERO CRAS», que significa «serei amanhã, virei amanhã», que é a resposta do Messias à súplica dos fiéis.


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