Na Oração Eucarística da Missa fala-se da feliz esperança de aguardar a vinda do Cristo Salvador. Esta espera consiste no cerne da espiritualidade do tempo litúrgico do Advento. Nela, refletindo sobre o anseio dos Profetas e do povo hebreu pela vinda do Messias, que se encarnou nos tempos de César Augusto, somos convidados a cultivar a espera pela segunda vinda do Messias, na qual o Rei de Israel, elevará o Reino de Deus à Sua Plenitude. Igualmente, somos convidados a desejar e buscar a vinda do Salvador pela Graça em nossos corações e em nossas almas, para que, por nossa santidade possamos ser sinais do Reino de Deus, ao fazermos de nossos corações tronos para Jesus Cristo.
Nessa última semana de Advento, gostaria de propor para refletirmos a figura de 3 personagens do Novo Testamento que dão exemplo da feliz esperança da qual falamos acima.
Primeiramente, consideremos a figura da Virgem Maria. Maria foi a primeira a receber o anúncio do Anjo sobre a Encarnação de Cristo. Certamente o anjo a encontrara vigilante: a iconografia tradicional costuma representar a Virgem em oração ao receber a visita do anjo, mas, mesmo se considerarmos a forma com que habitualmente os filmes e artistas mais recentes a representaram, recebendo a visita do anjo durante seus afazeres domésticos, isso não compromete o fato de que a Virgem certamente fazia tais tarefas em espírito de vigília e oração. Os Evangelhos dizem que Maria guardava os acontecimentos no coração e meditava em seu íntimo acerca deles (Lc 2, 19). Disso podemos deduzir que ela meditava frequentemente sobre as palavras dos profetas e assim aguardava a realização das promessas do Altíssimo. Portanto, o espírito de oração e meditação deve ser o primeiro passo para nossa expectativa.
Depois da Virgem, os Evangelhos nos mostram também a figura de Simeão. Os Evangelhos nos dizem que este piedoso ancião esperava a consolação de Israel (Lc 2, 25). O relato de São Lucas diz-nos também que Simeão chegou ao Templo para adorar o menino Jesus guiado pelo Espírito Santo (Lc 2, 27). A simples vista do menino bastou-o para crer na obra da Redenção ao ponto de dizer a Deus já sentir-se seguro para partir em paz para a mansão dos mortos (Lc 2, 28-32). Portanto, a figura de Simeão nos recorda que devemos confiar nos planos da Divina Providência e nos abrir à ação do Espírito Santo em nossas almas.
Por fim, uma figura proposta fortemente pela Liturgia do Advento é a de São João Batista. Sua vida ascética no deserto de preparação para preparar os caminhos de Jesus, bem como sua pregação para levar o Povo de Israel à conversão nos recordam a dimensão prática de nossa bem-aventurada esperança: Devemos fortalecer nossa vida espiritual pela ascese, pela penitência, pelo sacrifício. E esta preparação nos dará forçar para cumprirmos nossa tarefa missionária de anunciar a vinda do Senhor para os demais.
Peçamos portanto a Deus, o zelo que animou a Virgem, Simeão e o Batista a aguardarem solícitos e vigilantes a primeira vinda do Salvador, para que possamos igualmente vigilantes prepar-nos e preparar nosso próximo para a segunda vinda de Cristo. E que, pela nossa santificação, possamos antecipar um pouco do Reino que virá em plenitude com a Parousia ao nos tornarmos sementes do Reino pela vida de santidade
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